sábado, 24 de outubro de 2009

Litíase Urinária




A litíase urinária afeta 3% da população com predomínio no sexo masculino e principalmente com história familiar. Trata-se de uma doença crônica, pois a taxa de recidiva na formação de novos cálculos é elevada.Também representa uma causa comum de internação hospitalar e cerca de 20% dos pacientes necessitarão de tratamento cirúrgico em algum momento. A formação de um cálculo (litíase) no trato urinário pode resultar de muitas doenças. Em geral, as litíases renais são compostas de sais de cálcio (mais comum), ácido úrico, cistina ou estruvita (cálculos de infecção). Cada tipo de litíase tem seu próprio grupo de causas, de forma que o tratamento de cada entidade deve ser específico. Contudo, todos os quatro tipos de cálculos partilham uma patogênese comum, que é essencialmente baseada numa supersaturação excessiva da urina por um material de pobre solubilidade. Gosto sempre neste momento de contar um exemplo que ouvi um dia. Quando preparamos um bom Nescau, colocamos o chocolate e mexemos pra misturar a solução. No meu caso sempre prefiro ele um pouco mais escuro ou forte, então coloco mais chocolate e o que acontece? O chocolate começa a precipitar no fundo do copo. O mesmo ocorre com a urina quando uma substância como o cálcio é encontrado em excesso na urina, ou seja, inicia precipitação e agregação da substância.







Os cálculos em geral crescem ao longo das superfícies das papilas renais( veja a primeira foto), desprendem-se e seguem o fluxo urinário em direção aos ureteres. Uma vez que muitos desses cálculos são muito grandes para atravessarem os estreitos condutos do sistema coletor, eles levam a obstrução do fluxo urinário, o que leva fre­qüentemente a dor intensa. Desta forma então eles podem atingir grandes volumes e até mesmo ocupar todo o rim com aspecto de coral ou chifre de veado, ou descer pelo ureter (canal estreito que sai do rim até a bexiga, que conduz a urina) levando a cólica renal, quem já sentiu sabe que dói muuuito!!!. Vale lembrar que o tamanho, posição, densidade do cálculo e também características do paciente levam a decisão por qual método escolher para o tratamento.









Acima podemos ver a anatomia do trato urinário ilustrado e também em um exame normal de urografia excretora. Perceba que o ureter (canal que conduz a urina a bexiga) possui poucos milímetros. Desta forma você pode entender como uma pequena pedra pode obstruir o canal levando a dor, dilatação do ureter e rim (hidronefrose), infecções e até mesmo a perda do rim.Toda vez que o ureter é bloqueado, isto eleva a pressão no trato urinário superior (rim) destruindo os glomérulos, que são as estruturas que filtram o sangue e produzem a urina.




Cálculo coraliforme ou chifre de veado. Estes cáculos normalmente são mais frequentes em mulheres com infecção urinária(ITU). Podem ser causa e consequência de ITU. Na maioria das vezes o tratamento é cirúrgico ( o que falarei em outra postagem futura ) e necessita de uso prolongado de antibióticos.
CLASSIFICAÇÃO DAS LITÍASES URINÁRIAS
Cálculos de CÁLCIO = 70 a 80%
Cálculos de INFECÇÃO ou ESTRUVITA = 10 a 20%
Cálclulos de ÁCIDO ÚRICO = 5 a 10 %
Calculos de CISTINA = 2 a 3%
QUADRO CLÍNICO

Os cálculos renais podem permanecer sem sintomas por um bom tempo, até que, ao se desprenderem dos cálices e da pelve renal (ver anatomia) e impactarem-se ao nível ureteral ou na bexiga, ocasionam dor intensa (uma das piores dores humanas) e súbita (pode acordar o paciente que esteja dormindo), em cólica, habitualmente nos flancos abdo­minais, mas que pode irradiar-se para a região escrotal ou grandes lábios e períneo. Náuseas e vômitos freqüente­mente estão associados. Nesse momento, é importante des­fazer um mito popular: as litíases que provocam obstrução ureteral são aquelas pequenas, capazes de ocluir o ureter – os grandes cálculos geralmente permitem a passagem de urina por suas faces laterais.
Caso haja impactação do cálculo perto da bexiga, podem ocorrer aumento da freqüência urinária e urgência miccional. Hematúria (sangue na urina) é comum, e deriva da lesão do uretélio (camada de tecido que recobre a luz do ureter) à medida que o cálculo migra e o “arra­nha”.



EXAMES COMPLEMENTARES

Análise Simples da Urina (EAS)
A urinálise (EAS) habitualmente revela a presença de sangue, que pode ser visível em cerca de 10% dos pacientes; A presença de cristais na urina pode indicar a causa química da nefrolitíase. A avaliação do pH urinário – que, geralmente, fica em torno de 5,85 – fornece uma pista útil para a detecção da provável etiologia química do cálculo. Por outro lado, um pH persistentemente maior que 7,2 sugere a presença de cálculo por estruvita, ou cálculos de infecção.
É importante, também, verificar a urina quanto a exis­tência de indícios de infecção urinária (piúria, cilindros leucocitários, bacteriúria), pois a combinação desta com obstrução do trato urinário requer pronta intervenção de drenagem, sendo o que o prognóstico é, em geral, ruim.

Métodos de Imagem Radiológica

A maioria das nefrolitíases será detectada com o auxílio de exames radiográficos simples, como a radiografia simples de abdome (RX) e o ultra-som de vias urinárias. Os cálculos contendo cálcio são radiopacos, ou seja brancos ao RX (em média, 75% dos cálculos renais são radiopacos), assim como os compostos de estruvita.
Outros métodos de imagem úteis na investigação de pacientes com suspeita de nefrolitíase incluem a Tomografia Computadorizada (TC: padrão-ouro) de abdome e a urografia excretora.


USG evidenciando um grande cálculo na bexiga em um paciente com prósta aumenteda (HPB-ver postagem anterior)







RX de abdome com cálculo coraliforme (forma de coral) bilateral volumoso e tambem um cálculo no ureter proximal esquerdo. Neste caso necessitará de cirurgia bilateral.






Tomografia helicoidal de abdome com reconstrução em plano sagital. Note que o rim direito perdeu parte do volume e que existe uma dilatação do ureter e da pelve do rim (hidronefrose). Tudo isto foi causado por um pequeno cálculo lá no final do ureter, já quase próximo a bexiga ( veja as setas). Costumo dizer que um cálculo pequeno não é nada até cair no ureter.




Compare os dois ureteres nesta TC. Veja que a direita está bem dilatado.
FIM !
Espero ter ajudado a entender melhor esta doença. Vou postar sobre tratamento e prevenção. Desde já, recomendo beber mais água, principalmente com a chegada do verão. Pra quem já teve cálculo a dica é beber líquidos até a urina ficar clara.

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